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Balanço das Leituras de 2010...


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Bom, quando um ano termina é quase inevitável não fazer uma retrospectiva de tudo aquilo que vivemos, incluindo as experiências vividas entre páginas.

Este ano, pude constatar que a nível de leituras foi o mais produtivo, pois consegui no pouco tempo que tenho disponível ler 18 livros, sei que para muitos companheiros destas viagens este número é insignificante, mas para mim já é uma grande conquista, e infelizmente nem todos nós temos a mesma velocidade de assimilar palavras e nem sempre devemos ver um livro pelo número de páginas ou por mais um a acrescentar à estatística.


"É pobre a leitura a que só se faz para saber como termina um livro."
- Charles C. Colton -

Para mim, um livro é muito mais do que isso, é um companheiro que sempre tem um conselho para me dar, é um objecto que me transmite emoções e que guardo com carinho, que gosto de tocar e observar… e talvez por me perder nestes pequenos pormenores deixo passar as horas que podia ter para o ler, mas não me importo, tenho plena consciência de que não viverei anos suficientes para ler todos os livros que gostaria e, por isso, a contemplação dá-me de certa forma algum consolo.

No meu pensamento, o que define uma boa história é o final e, eu gosto de finais felizes! Se chegamos ao fim, e não há nada que possamos tirar da história então de que vale tanto esforço nosso e dos personagens se não conseguem alcançar aquilo porque ambicionam!? Por isso, quando termino de ler um livro, gosto que ele me deixe algo em que pensar e que me deixe saudade por saber que terminou, e tendo em conta os meus princípios decidi eleger dentro de cada um dos géneros que li em 2010 os livros que mais me marcaram.

§  Romance Histórico
Numa época em que a guerra civil dividia a nação, Anne acreditou que podia bater-se com os melhores guerreiros. Pela espada. Por convicção. Por paixão. A Rosa Rebelde conta-nos a fascinante e turbulenta história de uma notável figura histórica, Lady MacIntosh, que ficou conhecida como coronela Anne. Foi uma heroína das Terras Altas da Escócia, uma encantadora rebelde, uma Braveheart que arriscou tudo, incluindo a sua vida, por amor ao seu país e ao seu rei. Fruto de uma cuidada investigação histórica, e com notável mestria, Janet Paisley criou uma extraordinária história de amor, conflito, lealdade e traição que se lê compulsivamente. Uma sensual aventura histórica, repleta de emoção, protagonizada por uma heroína apaixonada e irresistível.A Rosa Rebelde foi, sem margem para dúvidas, o livro que mais me marcou! Por ser a história (baseada em factos verídicos) de uma mulher que se destacou pela bravura e coragem num mundo de homens, por me fazer sentir uma imensidão de emoções discrepantes e por me despertar o desejo de conhecer a Escócia.

E, apesar das perdas sentidas ao longo da história e das cenas cruéis que envolviam as batalhas, o final compensa por tudo isso.

Adjectivando: Tocante!


§  Romance
O ar estava frio quando a Dra. Miranda Jones chegou a casa depois de uma longa semana de trabalho. Mas o seu sangue gelou quando sentiu encostarem-lhe uma faca ao pescoço. Depois de roubaram tudo o que trazia, os assaltantes desapareceram.
Profundamente abalada, Miranda decide esquecer aquela experiência assustadora. E, para isso, nada como aceitar o convite para ir a Itália confirmar a autenticidade de A Dama Negra, um bronze renascentista representando uma cortesã dos Medici.
Mas, em vez de cimentar a sua posição como a maior perita mundial nesse campo, a viagem a Itália destrói-lhe a reputação. Sentindo-se alvo de uma cilada, Miranda está decidida a limpar o seu nome. Mas ninguém parece disposta a ajudá-la... com a excepção de Ryan Boldari, um sedutor ladrão de arte, cujos objectivos são obscuros.
Agora torna-se evidente que o assalto à porta de sua casa foi muito mais do que isso... e que a Dama Negra possui tantos segredos quanto a cortesã que a inspirou. Com a ajuda de um homem em quem não deve confiar mas por quem sente uma atracção intoxicante, o futuro de Miranda parece repleto de traições, mentiras e perigos mortais.
A Dama Negra levou-me a descobrir Nora Roberts, uma autora já com uma vasta obra literária dentro do género, e que tem a capacidade de despertar os nossos sentimentos. Até mesmo eu que não me considero muito dada a romances fiquei rendida!

Nesta história senti uma grande afinidade com a personagem principal, alguém que sempre colocou a carreira profissional em primeiro plano e, que por inveja e maldade dos outros vê ser destruída, e num acaso da vida enquanto busca pela reposição da verdade encontra o amor. O final era o que também eu desejava.

Adjectivando: Compensador.


§  Policial
Numa charneca do Derbyshire assolada pela chuva, os cães de um grupo de caçadores encontram o cadáver de um homem bem vestido, cujo crânio fora esmagado. Chamados a investigar a descoberta, os detectives Diane Fry e Ben Cooper envolvem-se no submundo da caca e daqueles que a detestam, do roubo de cavalos e de um sector pouco conhecido do comércio de came. A medida que Fry segue um trilho complexo para desvendar os interesses duvidosos da vitima, Cooper apercebe-se de que a explicação do caso pode estar enterrada no passado. Mas quando a ultima pista é revelada, Fry e Cooper vêem-se obrigados a encarar a realidade perturbadora de um passado bem mais recente.O Toque da Morte deu-me a conhecer um autor que desconhecia por completo dentro do género policial - Stephen Booth, e que se revelou (para mim) um nome a ter em conta.

Anteriormente a este livro já foram publicados outros sequenciais que poderão ajudar a entender o percurso das personagens principais, mas mesmo assim a história em si é independente das outras. E, esta não se prende só com o homicídio, existem outros valores que são destacados ao longo da história, como a frieza e ausência de sentimentos para com os animais, a capacidade que um ser humano tem para tirar a vida de alguém e o saber dar de nós em prol dos outros.

Adjectivando: Humano.


§  Ficção/Thriller
Universidade de Princeton. Um geneticista famoso morre num laboratório biológico de alta segurança. Em Roma, um arqueólogo do Vaticano é encontrado morto na Basílica de São Pedro. Em África, o filho de um senador americano é morto num acampamento da Cruz Vermelha. Três assassinatos em três continentes têm uma ligação terrível: todas as vítimas estão marcadas por uma cruz pagã druida, queimada na sua carne.
Os bizarros assassinatos conduzem o comandante Gray Pierce e a Força Sigma numa corrida contra o tempo para resolver um enigma que remonta a muitos séculos atrás, a um crime medonho contra a humanidade escondido num códice críptico medieval. A primeira peça do puzzle é descoberta num cadáver mumificado, enterrado num pântano inglês, um segredo horrível que ameaça a América e o mundo.
Ajudado por duas mulheres de seu passado - uma, a sua ex-amante, a outra, a sua nova parceira - Gray tem de reunir todas as peças de uma terrível verdade. Mas as revelações têm um custo elevado e, para salvar o futuro, Pierce terá que sacrificar uma das mulheres ao seu lado. Isso por si só pode não ser suficiente, à medida que o verdadeiro caminho para a salvação vai sendo revelado numa sombria profecia da maldição.
A Força Sigma enfrenta a maior ameaça que a Humanidade já conheceu, numa aventura que vai desde o Coliseu romano aos picos gelados da Noruega, a partir das ruínas de mosteiros medievais aos túmulos perdidos de reis Celtas. O último dos pesadelos é trancado dentro de um talismã enterrado por um santo morto - um artefacto antigo conhecido como a chave do Juízo Final.
Este género pode englobar vários livros que li e que receberam a minha nota positiva, mas opto por um que também podia constar no género policial mas pelo rumo da história penso que seja mais correcto colocá-lo aqui.

Falo de A Chave Maldita de James Rollins, um autor que já conhecia de nome há algum tempo e que sempre me despertou bastante curiosidade por construir as suas histórias com base em factos reais (particularidade que aprecio bastante), felizmente tive oportunidade de ler o seu último livro e digo que é uma história e tanto! Porque nos faz pensar em assuntos bastante controversos e actuais como um bem essencial à vida – a alimentação. E, depois a juntar a isso temos personagens cheias de personalidade, as mais variadas paisagens e motivações, e muita acção.

Adjectivando: Estrondoso!


§  Não-Ficção/Ensaio
Não costumo ler muitos livros que se inserem neste grupo, apesar de os achar importantes para o nosso enriquecimento pessoal e para olharmos para determinados temas com outros olhos.

E, os dois livros que li parecem-me ter valor suficiente para os destacar:

José Maria Abecasis Soares fundou a Associação Ice Care em 2009, reunindo uma equipa de profissionais - um especialista em montanha, um engenheiro do ambiente e uma meteorologista.
Este projecto definiu-se em torno de dois objectivos principais: primeiro, dar visibilidade mediática às consequências do aquecimento global sobre o degelo dos glaciares, através de expedições aos cinco glaciares classificados como património mundial e que a Unesco identificou como os mais severamente afectados pelas alterações climáticas (Jungfrau-Aletsch na Suíça, Quilimanjaro na Tanzânia, Huascarán no Peru, Ilulissat na Gronelândia e o Sagarmatha no Nepal); segundo, trabalhar se com as populações locais, que carecem de apoio e de preparação para minimizar o impacto do recuo dos gelos.
O autor deixa-nos ainda as suas impressões sobre as duas primeiras expedições realizadas em 2009, ao Aletsch, nos Alpes suíços e, nesse mesmo ano, ao Quilimanjaro.

Horizontes em Branco leva-nos a ver o problema do aquecimento global mais a fundo, mostrando-nos quais as implicações disso na nossa vida e na vida daqueles que já estão a sofrer com as suas consequências directas.
É importante mostrar ao mundo a fragilidade de todo planeta e o papel que cada um de nós pode desempenhar na preservação da vida.

Adjectivando: Factual.


Este não é mais um livro sobre a investigação do desaparecimento de Madeleine McCann. Este é o livro do investigador principal do processo, que foi atacado e vilipendiado quando se encontrava apenas em busca da verdade e da justiça. Ninguém, à excepção dos pais de Maddie, sabe tão bem o que se passou naquela noite fatídica de 3 de Maio de 2007. Gonçalo Amaral escreve na perspectiva da investigação por si conduzida e tem uma forte preocupação factual e de objectividade. Além disso, o livro contém revelações originais e esclarece muitos dos mais controversos aspectos do caso. O texto está apoiado por infogramas e fotografias que facilitam a compreensão do leitor e ilustram os passos da investigação e da conclusão obtida - por mais terrível que a mesma seja: Maddie está morta desde o dia do seu desaparecimento.
Para o autor do livro, Madeleine Beth McCann é a principal preocupação - é ela a vítima, e são as vítimas que têm de ser defendidas pela polícia e perseguidos os culpados do seu sofrimento. Tendo-lhe sido impossibilitado solucionar o caso, devido ao seu afastamento, quando se encontrava eminente a recolha de testemunhos vitais, preferiu abandonar a vida policial activa e retomar a liberdade de expressão não só para lavar a honra das calúnias que sobre si foram lançadas, mas para ajudar a que o caso não caia no esquecimento e a que, mais tarde ou mais cedo, o processo seja reaberto e feita justiça.


Maddie: A verdade da mentira é um livro envolto em muita polémica e, sinceramente, acho que não há assim tantos motivos para isso, é certo que o assunto retratado é bastante delicado mas nada mais. Fico satisfeita por saber que ele brevemente vai estar disponível para quem se sentir impulsionado a ler, e digo desde já que é um livro bastante simples que não fala só do caso em si, fala também daquilo que cada um de nós significa no mundo.

Adjectivando: Sincero.

Acho que qualquer um destes livros é uma boa escolha para passar umas horas em boa companhia. Quanto a mim, resta-me aguardar para ver quais serão as minhas escolhas para o final de 2011...
Até lá, Boas Leituras!...

A Chave Maldita - James Rollins [Opinião]


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A Chave Maldita
de James Rollins

Edição/reimpressão: Setembro de 2010
Editor: Difel
Páginas: 400
ISBN: 9789722909785
Colecção: Literatura Estrangeira

SinopseUniversidade de Princeton. Um geneticista famoso morre num laboratório biológico de alta segurança. Em Roma, um arqueólogo do Vaticano é encontrado morto na Basílica de São Pedro. Em África, o filho de um senador americano é morto num acampamento da Cruz Vermelha. Três assassinatos em três continentes têm uma ligação terrível: todas as vítimas estão marcadas por uma cruz pagã druida, queimada na sua carne.
Os bizarros assassinatos conduzem o comandante Gray Pierce e a Força Sigma numa corrida contra o tempo para resolver um enigma que remonta a muitos séculos atrás, a um crime medonho contra a humanidade escondido num códice críptico medieval. A primeira peça do puzzle é descoberta num cadáver mumificado, enterrado num pântano inglês, um segredo horrível que ameaça a América e o mundo.
Ajudado por duas mulheres de seu passado - uma, a sua ex-amante, a outra, a sua nova parceira - Gray tem de reunir todas as peças de uma terrível verdade. Mas as revelações têm um custo elevado e, para salvar o futuro, Pierce terá que sacrificar uma das mulheres ao seu lado. Isso por si só pode não ser suficiente, à medida que o verdadeiro caminho para a salvação vai sendo revelado numa sombria profecia da maldição.
A Força Sigma enfrenta a maior ameaça que a Humanidade já conheceu, numa aventura que vai desde o Coliseu romano aos picos gelados da Noruega, a partir das ruínas de mosteiros medievais aos túmulos perdidos de reis Celtas. O último dos pesadelos é trancado dentro de um talismã enterrado por um santo morto - um artefacto antigo conhecido como a chave do Juízo Final.



Ponto de Vista: há muito tempo que andava para ler alguma coisa de James Rollins, e ainda bem que surgiu agora a oportunidade. Pois a sua escrita prima por uma base sólida e verídica, o que para mim dobra o valor de um livro e nos proporciona sempre uma aprendizagem sobre temas que muitas vezes desconhecemos.

A Chave Maldita é um livro que toca em assuntos muito actuais e bastante controversos, como a fome, as mudanças climatéricas, o biocombustível e os alimentos geneticamente modificados, dando visibilidade às suas repercussões a curto e longo prazo.

Atingiremos os nove biliões nos próximos vinte anos. E isso numa altura em que o mundo está a ficar sem terra arável, em que o aquecimento global ameaça a devastação e em que os nossos oceanos estão a morrer.”

A história começa, após uma breve passagem pelo ano de 1086, na actualidade com a morte de três pessoas, quase em simultâneo apenas separadas por três continentes e que, aparentemente nada têm em comum, tirando a marca de uma cruz pagã queimada na sua carne. Para resolver, de alguma forma, estes homicídios a Força Sigma, composta por Painter, Monk, Gray, Rachel, a infiltrada Seichan, entre outros, entra em acção e a partir daqui tudo se desenrola de uma forma alucinante, em que somos percorridos pela mesma adrenalina dos personagens, que fogem de tiros, bombas e ogivas de grande destruição, assim como armadilhas de séculos, para conseguirem chegar a tempo de poupar mais vidas, incluindo a de Rachel.

“Gray e Painter comparam notas: três assassínios em três continentes, a violência perpetrada para encobrir o que se passava e o significado do símbolo pagão que parecia ligar tudo.”

Percebe-se então, que as três mortes estão relacionadas com uma grande empresa de alimentos transgénicos, com raízes em todo o mundo e que pretende controlar todos os alimentos e, consequentemente, controlar o crescente número da população a nível mundial. E, para isso, é utilizado um fungo encontrado num cadáver mumificado, descoberto numa investigação arqueológica em Inglaterra, que por ser instável poderá trazer a morte a toda a flora e, consequentemente, à humanidade.

“Estamos apenas a um passo da fome global, da guerra e do caos.”

A história começa-se a adensar, com pormenores de crenças antigas em que povos em guerra utilizavam armas biológicas para combater o inimigo, assim como muitas vezes os alimentos eram vistos como cura para muitos males do corpo. E, para se chegar a alguma conclusão sobre este mistério, é preciso encontrar a chave do Juízo Final, a única esperança para travar a morte.

“Com um pé no presente e outro no passado…”

Outros factos, como a religião, o simbolismo, profecias, monumentos, locais e factos históricos estão extremamente bem enredados em toda a narrativa, assim como relações e sentimentos, a amizade e parceria é sentida em todas as páginas e, o desejo e o amor vivido de forma espontânea e desprendida.            
                                                                                    
“A momentânea chama da paixão nascera do medo, da solidão, da mortalidade.”
  
Estamos perante um livro com uma escrita inteligente, repleto de muita acção, personagens bem construídas e composto por temas extremamente actuais que nos fazem pensar naquilo que temos hoje, no que comemos e nas consequências de tudo isso na nossa saúde e sobrevivência num futuro demasiado próximo.
Para quem gosta de livros do género de Dan Brown e leituras enriquecedoras, aqui está uma óptima escolha.

Em estrelas: +4{

A visitar:

As Rãs que Pensavam que eram Peixes - Cristiano Ghibaudo [Opinião]


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As Rãs que Pensavam que eram Peixes
Como usar os seus talentos para projectar o futuro e desfrutar do presente
de Cristiano Ghibaudo

Edição/reimpressão: Outubro de 2010
Editor: Gestãoplus
Páginas: 136
ISBN: 9789898115553

SinopseNo Charco Tranquilo, tudo é… tranquilo, mas Lara é uma rã em busca de sentido e decide não se limitar, como as outras rãs, a uma vida acomodada. Parte à aventura e descobre que o talento e os sonhos andam de mão em mão.
Clima óptimo, comida abundante, ausência de predadores famintos: o Charco Tranquilo parece ser o sítio ideal para uma rã viver. As rãs deste charco vivem tão bem que chegaram ao ponto de acreditar que são peixes! Mas a jovem Lara não se deixa convencer pela filosofia de «gozar e deixar andar» que prevalece no charco; uma inquietação interior leva-a a questionar o próprio sentido da vida. Decide então fazer algo inédito: abandonar o charco e partir à descoberta do mundo. Assim, inicia uma viagem que a levará ao encontro de amigos, obstáculos, aliados e também inimigos; descobre coisas novas, comete erros e, sobretudo, aprende - a dar saltos cada vez maiores, a ultrapassar as fronteiras das suas limitações e a não renunciar aos sonhos, aconteça o que acontecer.



Ponto de Vista: Fui impulsionada para ler este livro por uma amiga* destas andanças de livros e leituras e, que partilha também comigo o gosto por fábulas e contos infantis, porque podemos já não ser crianças em idade mas permanecermos em espírito permite-nos por momentos viver um mundo colorido onde existe sempre um final feliz e de onde podemos tirar sempre uma lição.

Gostei muito de ler este pequeno livro que me deu a conhecer o Charco Tranquilo e toda a sua comunidade de rãs, insectos, nenúfares e seixos assim como uma rã diferente, Lara, que apostou a sua vida na mudança, a única que nunca quis fazer parte de nenhum grupo e que procurava outro significado para a sua existência que não fosse apenas comer, tagarelar e dormir, como todas as outras companheiras do Charco.

“…no fundo, cada rã tem a sua própria vida nas suas mãos e pode fazer dela o que quiser.”

Com a ajuda de Jerry, um pardal, parte à aventura para descobrir o que está do lado de lá do Charco Tranquilo, e para além de conhecer outros animais e formas de vida, descobre que também ela tem capacidades que até então desconhecia e que lhe permitem ultrapassar obstáculos.

“Sobrestimam o que podem fazer em pouco tempo, mas desvalorizam o que podem fazer a longo prazo.”

Uma história muito bem conseguida complementada por ilustrações cómicas que retratam as várias passagens do livro. Não é um livro infantil, apesar da simplicidade da narrativa, é sim um livro para adultos “ocupados” que não podem despender de muito tempo para a leitura nem para textos demasiado profundos.
As Rãs que Pensavam que eram Peixes está repleto de ensinamentos, que nos fazem ver como é a sociedade actual e o quanto custa sermos diferentes e apostarmos na mudança.

“Uma história que fala ao adulto que procura ou que está em dificuldades, agarrando pela mão a criança que ele foi, e que usa palavras e tons familiares para nos transmitir a certeza de que é possível enfrentar novos desafios e oportunidades, tal como a Lara fez.”
In Posfácio por Silvana Garello

Em estrelas: 4{


Outro Ponto de Vista…

Aqui está uma fábula muito engraçada. Tudo se passa no Charco Tranquilo, que tal como o nome, é mesmo tranquilo. E neste belo lugar cheio de nenúfares e libelinhas vive uma colónia de rãs que passam o seu tempo debaixo de água, a comer, dormitar e não fazer nada. Todas menos uma: a Lara. Lara é uma rã curiosa e cheia de objectivos que um dia parte à aventura. E enquanto ela descobre o mundo para lá do lugar onde mora, a crise instala-se no charco.

Apesar de ser uma fábula, este livro pode ser entendido como uma grande sátira à humanidade e ao mundo em que vivemos.
Existem rãs de todo o tipo, aquelas que não fazem nada, as revolucionárias
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que temem a mudança e que são contra ela, tal como o ser Humano.
Pode também ser visto como um livro de auto-ajuda, com imensos conselhos para que qualquer pessoa possa "sair do charco" e seguir com coragem e sem medo, um caminho diferente do que está habituado.

Com ilustrações muito engraçadas, este um livro que pode não chamar a atenção à primeira vista, mas é muito engraçado e pode causar surpresas, que nos levam a pensar, a considerar, a aprender e que eu aconselho que leiam.

Para terminar, deixo um dos conselhos da Lara: "Para avançar, é importante saber pensar nos imprevistos e nas dificuldades como oportunidades de crescimento."

…*Verónica Silva, amiga e companheira de leituras (e não só!)



A visitar:

Num Breve Fechar de Olhos - Abbie Taylor [Opinião]


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Num Breve Fechar de Olhos
Um bebé foi raptado. A polícia não age. Que faria se fosse o seu filho?
de Abbie Taylor

Edição/reimpressão: Outubro de 2010
Páginas: 320
ISBN: 978-972-23-4444-9
Colecção: Grandes Narrativas

SinopseQuando as portas da carruagem do metro se fecharam, separando o pequeno Ritchie, de treze meses, da sua jovem mãe, começava para Emma o pior pesadelo de toda a sua vida - ver o seu bebé ser levado sem conseguir fazer nada para o impedir. E quando tenta convencer a polícia de que Ritchie foi raptado, Emma só encontra incompreensão e suspeita, vendo-se obrigada a encetar uma investigação por conta própria. Romance de estreia da autora, Num Breve Fechar de Olhos oferece-nos uma narrativa de grande intensidade dramática, realismo e suspense.


Ponto de Vista: Num Breve Fechar de Olhos é um daqueles livros que chega ao âmago da nossa alma e que nos prende de imediato logo nas primeiras páginas porque o desespero e angústia de uma mãe sozinha no mundo, que se vê sem o seu bem mais precioso – o filho, é tão grande que também o nosso coração palpita por sermos meros espectadores e nada podermos fazer para a ajudar nesta busca desenfreada contra tudo e todos.

Emma é uma jovem universitária que partilha casa com uma amiga e vive a alegria dos seus 20 anos. Numa saída à noite de amigas conhece um rapaz que a fascina e por quem se apaixona, acabam por ter um curto relacionamento pois a sua antiga namorada volta e ele decide terminar tudo com Emma.

“Não nos esquecemos das pessoas assim do pé para a mão, só porque elas querem que isso aconteça.”

Ela tenta esquecê-lo, mas passados alguns meses percebe que está grávida, e mesmo não tendo apoio de Oliver, nem família a quem recorrer porque já perdera a única que tinha – a mãe, decide avançar com a gravidez porque é tudo o que lhe resta de um amor impossível. E, ainda antes de ter a criança vê-se sozinha e desamparada até pela amiga, acabando por ir viver para uma casa num bairro social dias antes de dar à luz Ritchie. Quando isso acontece, isola-se por completo do mundo e vive apenas para o filho e para as tarefas de casa, esquecendo-se até de si própria.

“Fora tão fácil, mas tão fácil, afastar-se das pessoas que em tempos se havia pensado serem muito importantes. E tão, mas tão difícil substituí-las.”

Um ano passa, e a sua vida tende a piorar pois as preocupações que a assolam são muitas… E é num dia normal de compras que de repente, num breve fechar de olhos, Emma se vê sem o seu filho Ritchie, a partir daqui a sua vida dá uma volta completa e tudo o que ela tinha desaparece como se só para ela alguma vez tivesse existido. Apenas irá haver uma pessoa que vai acreditar nela incondicionalmente, e será a única capaz de trazer Ritchie de volta para os braços da mãe, e essa pessoa é Rafe, a única testemunha de tudo e o verdadeiro herói da história.

“Emma queria falar, mas o que tinha para dizer era demasiado grande, inchava dentro dela, dilatando-se para fora até que os seus seios se tocaram. Eu estou aqui, disse ela, e a mensagem passou directamente do seu coração para o dele. Estamos os dois aqui.”

O final é compensador, e apesar de alguns de nós desejarmos mais para estes três personagens, penso que a autora deixou que cada leitor finaliza-se a história como gostaria.
Não encontramos aqui um romance, mas sim um drama muito intenso em que o sofrimento trespassa por entre as páginas, fazendo-nos pensar constantemente - e se fosse connosco, o que éramos capazes de fazer para recuperar um filho!?

Em estrelas: 4{

[Aparte...] Gosto da capa, está totalmente relacionada com a história e a predominância do verde indica-nos que também aqui a esperança é sempre a última que morre.

Horizontes em Branco - José Maria Abecasis Soares [Opinião]


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“Íamos entrar na etapa em branco desta viagem. Em branco não só porque a neve e o gelo cobriam tudo o que a vista alcançava à nossa volta, mas em branco também por ainda não estar escrita.”


Horizontes em Branco
Uma viagem pelo mundo na senda dos efeitos do aquecimento global
de José Maria Abecasis Soares

Edição/reimpressão: Novembro de 2010
Páginas: 212
ISBN: 978-972-23-4457-9
Colecção: Volta ao Mundo

SinopseJosé Maria Abecasis Soares fundou a Associação Ice Care em 2009, um projecto pessoal que, definiu em torno de dois objectivos principais: dar visibilidade mediática às consequências do aquecimento global sobre o degelo dos glaciares, através de expedições aos cinco glaciares classificados como património mundial e que a Unesco identificou como os mais severamente afectados pelas alterações climáticas; uma outra vertente do projecto prende-se com as populações locais, que carecem de apoio e de preparação para minimizar o impacto do recuo dos gelos. O autor deixa-nos ainda as suas impressões sobre as duas primeiras expedições realizadas em 2009, ao Aletsch, nos Alpes suíços e, nesse mesmo ano, ao Quilimanjaro.

Ponto de Vista: Este é um daqueles livros que nós lemos como se estivéssemos a conversar com um amigo.
O que é retratado não é uma história, é um diário de viagem, com a única diferença de que aqui encontramos uma viagem com um objectivo nobre e louvável.

“Nós, os povos civilizados, estamos protegidos deste tipo de catástrofes no conforto dos nossos lares e esquecemo-nos com facilidade que vivemos no vértice da vida, que a qualquer momento tudo o que tomámos por adquirido pode mudar”.

José Maria, neste seu primeiro livro, fala de si, da sua vida e de um projecto que achou, por vários momentos, não ter pernas para andar, falo da Associação Ice Care.
Tudo começou com um despertar de consciência, que pode surgir em qualquer momento da nossa vida, e nos pode fazer arregaçar as mangas e lutar por aquilo que achamos certo, independentemente das opiniões de cada um.

“A razão que me fez conceber e estruturar o Ice Care foi exactamente o carácter solidário do projecto. Exaustão física sim, mas por uma causa. Sangue, suor e lágrimas, de acordo, mas em prol de algo em que acredito. ”

O autor lançou-se numa aventura de vida, que para muitos não passa de loucura e para outros um acto de grande coragem, para mostrar que aquilo que temos hoje podemos perder a qualquer momento por puro egoísmo, tentando desta forma mudar consciências e poder orgulhar-se de deixar algo de bom aos outros, traçando como objectivo principal chegar ao topo dos cinco glaciares classificados como Património Mundial pela Unesco: Jungfrau-Aletsch na Suíça, Quilimanjaro na Tanzânia, Huascarán no Peru, Ilulissat na Gronelândia e o Sagarmatha no Nepal.

“Seis biliões de pequenas criaturinhas como eu podem fazer muito bem ou muito mal ao planeta, desde que o façam em conjunto.”

Neste livro, apenas encontramos o relato das expedições aos dois primeiros glaciares, e percebemos que existe uma grande diferença entre as condições humanas e de cultura, pois Jungfrau-Aletsch encontra-se na Europa e Quilimanjaro no continente africano. E, sem dúvida, é na Tanzânia que se sente com mais intensidade os efeitos do aquecimento global, que são bem comprovados através das fotografias que encontramos em Horizontes em Branco.
A seca extrema em contraste com um glaciar no meio de África, a diferença de mentalidades, hábitos e perspectivas de vida daquele povo (Masai), mostra-nos que às vezes, a “educação” e a visão de um mundo cheio de oportunidades não é tudo, porque no meio da pobreza as pessoas também encontram o seu equilíbrio com a ajuda da natureza, se ela estiver sã.

“…em conversa com um masai, perguntou se ele sabia o que era aquilo branco no cimo da montanha. O homem respondeu-lhe que (…) era sabão e que aumentava quando chovia, porque fazia espuma.”

Foram várias as situações em que José Maria Abecasis Soares e os seus amigos e companheiros de viagem se viram envolvidos e foram muitas as dúvidas que assombraram a todos, mas apesar de tudo isso, conseguiram cumprir parte daquilo a que se propuseram com muito mérito e sem deixar margem para dúvidas de que a Associação Ice Care é forte e coesa. 

Para mim, estas questões ambientais são muito delicadas e também passa por ser um assunto que não domino, mas do meu ponto de vista leigo, entendo que o Mundo sempre passou por transformações (violentas), e nem todas elas foram criadas pelo Homem, não sei se ainda iremos a tempo de alterar alguma coisa, e mesmo que isso seja possível, não é uma pessoa “sozinha” que consegue fazer algo para o bem de todos, nestas questões e em muitas outras o exemplo tem de vir de cima porque se assim não for, a única coisa que conseguiremos é “cair” mais cedo.
Resumidamente, Horizontes em Branco é um livro para abertura de mentalidades e despertar consciências.

Em estrelas: 4{
Para saber mais sobre este projecto:

O Toque da Morte - Stephen Booth [Opinião]


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O Toque da Morte
de Stephen Booth

Edição/reimpressão: Agosto de 2010
Páginas: 356
ISBN: 9789721061170
Colecção: Crime Perfeito

SinopseNuma charneca do Derbyshire assolada pela chuva, os cães de um grupo de caçadores encontram o cadáver de um homem bem vestido, cujo crânio fora esmagado. Chamados a investigar a descoberta, os detectives Diane Fry e Ben Cooper envolvem-se no submundo da caça e daqueles que a detestam, do roubo de cavalos e de um sector pouco conhecido do comércio de carne.
À medida que Fry segue um trilho complexo para desvendar os interesses duvidosos da vítima, Cooper apercebe-se de que a explicação do caso pode estar enterrada no passado.
Mas, quando a última pista é revelada, Fry e Cooper vêem-se obrigados a encarar a realidade perturbadora de um passado bem mais recente.



Ponto de Vista: Quando li a sinopse deste livro senti que entre mim e a história havia demasiados pontos em comum para eu o ignorar, mas pensei que a oportunidade de o ler não iria surgir, felizmente isso foi possível e espero conseguir dizer em palavras o que esta história me transmitiu.

O autor, que para mim foi uma agradável descoberta, escreve de uma forma tão sincera e realista que consegue chegar às nossas emoções e aos nossos pensamentos.
E a história, não é apenas sobre um homicídio, é também sobre valores, sobre animais e pessoas, sobre dedicação ao trabalho e ao que gostamos de fazer.
Senti uma grande proximidade em relação a algumas personagens, e consegui viver um pouco das suas dúvidas e certezas porque o autor soube como fazê-lo.

"Ut umbra sic vita. «Tal como a sombra passa, o mesmo acontece com a vida.»"

Neste policial, encontramos dois detectives diferentes do habitual, já que por norma é sempre um homem que se destaca como o forte e corajoso que comanda todas as operações, mas aqui temos uma Diane Fry transferida para Derbyshire (onde se passa a acção) devido a uma situação que ocorreu num passado ainda recente na sua memória, e que fica responsável por uma equipa que inclui Ben Cooper, um filho de polícia que sempre viveu no campo e que espera por uma promoção. E a diferença que existe, é que Fry é uma mulher habituada a viver sozinha e acha que nunca irá precisar de ninguém porque é forte o suficiente para ultrapassar qualquer obstáculo, enquanto Cooper é um homem de família, companheiro e sensível ao que o rodeia.
E tudo começa com a morte de Patrick Rawson num local ermo onde só existem ovelhas e caçadores de raposas, as únicas testemunhas e os possíveis culpados do homicídio.  
Pelo meio, o autor dá-nos algumas páginas de um diário que remete para o ano de 1968, década em que o Mundo se alterou de alguma forma pois vivia-se na iminência da 3ª Guerra Mundial e as bombas nucleares ameaçavam sentir-se a qualquer momento. Percebe-se, no final, que isso irá ter influência em mais uma morte, neste caso de Michael Clay.

"É estranho como os problemas parecem acumular-se na vida à medida que se envelhece."

Na procura por um culpado, Fry e Cooper mostram-nos as tradições da caça à raposa, e consequentemente, as lutas travadas pelos defensores dos direitos dos animais, que também se manifestam contra o abate de cavalos para consumo humano, negócio em que a vítima Patrick Rawson estava envolvida. Levantam-se questões como burlas e falsificação de documentos, roubo de cavalos para abate e outras situações pouco legais.   

"Apesar de as montarias estarem frequentemente associadas a privilégios de classe e hierarquias sociais, havia uma violência indefinida no âmago do desporto que o transformava numa espécie de ritual sangrento."

Percebe-se, por fim, que a ambição, a desconfiança e a vingança podem transformar qualquer pessoa e levá-la a cometer aquilo que achamos nunca sermos capazes de cometer: um homicídio.

Sinceramente, sei que não é fácil aceitar as motivações da caça, seja ela a que tipo de animal for, nem com a descrição do abate de animais, mesmo que isso seja uma necessidade para nós, e nem com a escolha de um animal de companhia num refúgio, porque o apelo de um animal abandonado é tão intenso e perturbador, que me choca a frieza com que a maioria das pessoas lida com isso.

"Todos eles eram animais que tinham sido abandonados e, de alguma forma, maltratados. Todos eles mereciam um bom lar."

E acho que esta história só nos consegue tocar se tivermos alguma noção e sensibilidade em relação a estes assuntos, de outra forma, não será a melhor escolha porque é preciso acima de tudo sentir antes de perceber.

"O que se desconhece não faz sofrer."

Em estrelas: 4{

[Aparte...]Só tenho um defeito a apontar, que se prende com o facto de encontrar muitos erros e palavras deslocadas da frase, e tendo em conta o preço do livro acho que não deveria haver um único ponto negativo a apontar.

Pedras Ensanguentadas - Donna Leon [Opinião]


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Pedras Ensanguentadas
de Donna Leon

Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 288
ISBN: 9789896570972

SinopseSempre atenta aos principais temas da actualidade, em Pedras Ensanguentadas Donna Leon recorre à sua célebre personagem, o Comissário Guido Brunetti para alertar os leitores para os meandros da emigração ilegal.
Numa noite gelada de Inverno, poucos dias antes do Natal, um vendedor ambulante africano é assassinado em pleno Campo Santo Stefano. Porque quererá alguém matar um subsaariano vendedor de carteiras de contrafacção? A resposta mais óbvia é aquela que indica um possível ajuste de contas, mas será apenas isso?
Quando Burnetti começa a investigar o caso descobre que há um pacto de silêncio entre os imigrantes ilegais e que as motivações por detrás daquele crime têm implicações bem mais profundas.
Na verdade, há assuntos económicos e políticos, tráfico de armas e atitudes racistas por esclarecer. Analisa-se o comércio internacional e a segurança do Estado. E nunca Donna Leon se revelou tão envolvida na política quanto nesta obra. Este é um livro incisivo e implacável.
Confirmando mais uma vez a sua faceta de exímia contadora de histórias, Pedras Ensanguentadas é um mistério perfeito, um retrato sedutor da Veneza contemporânea e um olhar inquiete sobre a emigração.




Ponto de Vista: Bom, este livro foi o primeiro que li de Donna Leon, mas há muito tempo que andava desejosa de ler alguma coisa desta autora a que muitos comparam com a minha estimada Agatha Christie.

E bem que precisava de um policial, pois estes têm ficado um pouco esquecidos na minha prateleira, e é sempre bom relembrar o quanto eu gosto deste género literário.

… há demasiado sangue nessas pedras …

A história centra-se na emigração ilegal, passando um pouco pela venda de artigos contrafeitos e terminando na corrupção, sendo este o mote principal de todo o enredo.
É um policial leve, que nos dá a conhecer Veneza através das suas ruas e locais de referência, onde o crime acontece precisamente a quem menos se espera e muito menos pelos motivos que foram.

“É fácil crescer sem preconceitos raciais numa sociedade na qual existe apenas uma raça.”

Guido Brunetti vê-se a braços com a morte de um vu cumprá (imigrante ilegal), a quem aparentemente ninguém daria importância porque no fundo este tipo de pessoas eram vistas como meros fantasmas, só que de repente começa a haver demasiadas pessoas interessadas em “resolver” este caso.
Mas apesar de todas as adversidades, Brunetti insiste, quase a título pessoal, em descobrir o porquê desta morte e, ao mesmo tempo, qual o interesse de outras entidades neste homicídio, e para isso vai contar com a ajuda de bons amigos e da sua influência junto a outros. Para chegar, apenas a uma conclusão: que quando interesses maiores se levantam tudo pode ser feito, independentemente do caminho que se precise percorrer para os alcançar.

“…a lembrança de quão pouco a humanidade mudara em quase dois milénios.”

Posso dizer que Donna Leon não foi, totalmente, de encontro às minhas expectativas porque esperava um pouco mais da Grande Senhora do Crime, apesar de ainda achar que lhe devo dar mais uma oportunidade na esperança de que ela ainda me surpreenda….

Em estrelas: 3{

A Rosa Rebelde - Janet Paisley [Opinião]


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A Rosa Rebelde
de Janet Paisley
«Um romance histórico empolgante e poderoso com uma heroína bela e enérgica.» | Financial Times

Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 384
Editor: Bizâncio
ISBN: 9789725304211
Colecção: Ilhas Encantadas

SinopseNuma época em que a guerra civil dividia a nação, Anne acreditou que podia bater-se com os melhores guerreiros. Pela espada. Por convicção. Por paixão. A Rosa Rebelde conta-nos a fascinante e turbulenta história de uma notável figura histórica, Lady MacIntosh, que ficou conhecida como coronela Anne. Foi uma heroína das Terras Altas da Escócia, uma encantadora rebelde, uma Braveheart que arriscou tudo, incluindo a sua vida, por amor ao seu país e ao seu rei. Fruto de uma cuidada investigação histórica, e com notável mestria, Janet Paisley criou uma extraordinária história de amor, conflito, lealdade e traição que se lê compulsivamente. Uma sensual aventura histórica, repleta de emoção, protagonizada por uma heroína apaixonada e irresistível.


Ponto de Vista: Bom, este livro é especial, para mim, em muitos sentidos!... Por ter sido o primeiro livro sorteado no Clorofórmio do Espírito, por ter uma capa lindíssima e cheia de significado e, por conter em si a história de uma mulher magnifica, com uma coragem que se sobrepôs à de muitos homens e que amou com a mesma intensidade um país, uma causa, uma família, um homem...

“Homens e mulheres fazem a história juntos, cooperando entre si para manter a sociedade que criam, seja ela qual for.”

A história da Coronela Anne Farquharson é baseada numa pesquisa histórica bem construída pela autora, e a escrita é tão fiel que muitas vezes acreditamos estar a viver tudo com a mesma intensidade dos personagens.
O livro retrata um período da história da Escócia em que a guerra civil britânica dividiu um povo, mostrando costumes e formas de pensar e viver que se afastavam por completo da maioria dos países da Europa, para mim mostrou-me e deu-me a conhecer algo que desconhecia por completo, e fez-me sentir até uma pontada de inveja pela evolução de mentalidades e, principalmente, pela forma como as mulheres eram vistas no século XVIII.

Nas Terras Altas da Escócia a sociedade construía-se por meio de Clãs (e muitas vezes me senti perdida entre eles), Anne filha de um chefe, nasce rebelde e assim permanece durante toda a sua existência, é uma jovem com uma beleza invulgar e com um carácter peculiar, e apesar de sentir um carinho muito especial por Alexander MacGillivray, amigo de toda a vida, casa com Anneas McIntosh, também ele chefe de um Clã e, é a partir deste momento que se sente a mudança na história.
O que une Anne e Anneas é um amor inquieto e fogoso, separado pela guerra entre a União e a Liberdade.

“O que os unia parecia duro como ferro, incontornável, soldado pela fúria.”

Para proteger o seu clã, Anneas vê-se obrigado a aceitar comandar as tropas pela União com a Inglaterra, e Anne ao se sentir preterida por ele não ter escutado a sua opinião (já que as mulheres tinham muitas vezes a última palavra) e sem entender o porquê de tal atitude, junta os clãs com a ajuda de MacGillivray e segue em luta pela liberdade do seu país e contra o seu marido. O amor é posto em causa e a amizade, essa prevalece até depois da morte.
São muitas as personagens que fazem esta história, e todas elas cruciais para justificar motivações e entender a diferença que existe em cada um.

É uma história feita de mal-entendidos, de muita dor e perda, há momentos em que nos sentimos angustiados e mesmo agoniados pela forma tão crua como tudo é descrito, sentimos a tristeza que nos invade em muitas páginas, mas também sentimos um arrepio na pele quando surge o desejo e a paixão vividos com extrema intensidade.
Não existem palavras suficientes para descrever este livro, esta história que nos marca profundamente, que nos mostra o quanto as mentalidades são retrógradas e mesquinhas e, nos faz entender que o amor só pode ser construído pelo respeito e pela liberdade de cada um.
Numa palavra: MARAVILHOSO!

Em estrelas: 5¸.•☆


Para saber um pouco mais sobre a Escócia:

O Livro Inacabado de Dickens - Matthew Pearl


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O Livro Inacabado de Dickens
de Matthew Pearl

Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 382
Editor: Editora Planeta
ISBN: 9789896570859

SinopseQuando morreu, em 1870, Charles Dickens estava a escrever O Mistério de Edwin Drood, um romance policial, novidade na altura, a pedido do seu amigo Wilkie Collins. Com 6 capítulos finalizados, a história ia apenas a meio. Como quereria Dickens terminá-la ninguém sabe, embora muito se tenha especulado desde então.

Em O Livro Inacabado de Dickens, Matthew Pearl parte deste acontecimento inesperado para recriar a Londres vitoriana, com capas e bengalas e candeeiros a gás, para mergulhar nos antros de ópio da cidade londrina, para desmontar a pirataria e a rivalidade literária entre Boston e Londres e para rever toda a obra do grande romancista inglês. Tudo isto ganha vida no romance de Matthew Pearl.

Fazendo uso de flashbacks, o autor vai intercalando figuras históricas, como Osgoog, editor da Fields & Osgood, com personagens ficcionadas, factos reais com situações imaginadas, muita intriga, homicídios, reviravoltas inesperadas e até um louco que diz que se chama Dick Datchery, uma personagem do romance incompleto de Dickens.




Ponto de Vista: Assim que li a sinopse deste livro senti logo uma grande vontade de o comprar, e por isso, posso dizer que a compra foi muito desejada e quase imediata.

A história é baseada, realmente, no último conto de Charles Dickens reconstruindo a partir de factos históricos os últimos anos de vida do autor e tudo o que envolveu “O Mistério de Edwin Drood”.
Matthew Pearl destaca o tema do ópio e todo o mundo que o envolvia na altura, mostrando já como a sociedade sucumbia ao seu poder.

“Nós não somos devoradores de ópio; os opiáceos é que são devoradores de homens.”

E ao mesmo tempo, descreve o crescente mundo das editoras e dos direitos de autor, que na altura não eram muito bem vistos porque tiravam, em parte, o domínio, pela editora, de uma obra.

“O nome do editor será muito mais importante do que o de qualquer autor e a nossa tarefa será misturar as tintas de um livro tal como os produtos químicos de um farmacêutico.”

São várias as personagens que podemos encontrar nesta história, algumas que mostram algum sentido para o enredo, outras que acabam por se perder no meio da narrativa. Quem desempenha um papel fulcral é James R. Osgood, sócio de uma editora íntegra que estima os seus autores e funcionários, e que se vê envolvido, juntamente com a sua guarda-livros Rebecca, no submundo do ópio para encontrar as últimas páginas da história de Dickens. Nesta aventura vão encontrar poucos amigos e demasiados inimigos, mostrando que valores como a honestidade e a amizade, muitas vezes, podem trazer demasiados danos para a vida de alguém, mas que também podem ser o único meio de sobrevivência.

“…os livros eram os seus companheiros, o sustento que alimentava a sua mente.”

Após ter terminado a minha leitura anterior, comecei logo a ler este livro porque a curiosidade era imensa, mas não sei se foi de mim ou se foi mesmo da história que não me cativou logo de imediato, e as primeiras páginas foram difíceis.
Achei o início um pouco confuso, com muitas personagens, e várias passagens que me acabaram por confundir, o que me fez abrandar na leitura por diversas vezes, e só na penúltima parte do livro senti algum entusiasmo.
Sinceramente, esperava muito mais do autor e, principalmente, da própria história por se basear na vida de Charles Dickens criador de personagens como Oliver Twist, que faz parte da nossa infância e que permanece “vivo” até aos dias de hoje.

Em estrelas: 2*

Para saber um pouco mais da vida de Charles Dickens:

Sepulcro – Kate Mosse [Opinião]


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Sepulcro
As cartas podem mudar o seu destino.
de Kate Mosse

Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 656
Editor: Livros D´Hoje
ISBN: 9789722040648

SinopseMeredith Martin chega a Domaine de la Cade para fazer uma pesquisa para a biografia de Claude Debussy. Mas tem o desejo de descobrir as origens da sua família, que remontam à região. As únicas chaves que tem são a velha partitura de piano, as fotos antigas que a sua mãe lhe deixou e as cartas em que nunca acreditou. De imediato é cativada pela trágica história da casa, que se diz ser assombrada, e pelo destino de Léonie Vernier - uma jovem que em 1981 rumou a Domaine de la Cade com o seu irmão e que em 1987, no dia de Todos-os-Santos, desaparece sem deixar vestígios. Nessa mesma noite, numa pequena aldeia do vale, um sacerdote idoso e recluso é brutalmente assassinado. As únicas ligações entre os dois acontecimentos são a música fantasmagórica que paira no ar nos antigos bosques da montanha e a carta de tarot colocada na mão do morto: a carta XV, O Diabo. Os assassinos nunca foram julgados e o corpo de Léonie nunca apareceu. Quando Meredith vê um antigo túmulo escondido dentro do recinto e ouve a música fantasmagórica que ecoa durante a noite, percebe que a história das cartas está longe de estar morta e enterrada. Contra a sua vontade, vê-se numa corrida contra o tempo, tanto para encontrar o tarot de Vernier como para solucionar o antigo mistério do desaparecimento de Léonie, sem se tornar ela própria a mais recente vítima.




Ponto de Vista: Não sei se já vos aconteceu alguma vez, mas a mim acontece-me com alguma frequência ser chamada por um livro, e Sepulcro foi um desses livros…

Apesar de ser uma história que começa de uma forma funesta, esta consegue automaticamente transportar-nos para Paris, numa época em que a sociedade se dividia entre ricos e pobres, entre o brilho e o glamour e a escuridão e o desencanto.
Envolvendo-nos completamente na vida de Léonie, uma jovem de dezassete anos cheia de energia e personalidade, Anatole, seu irmão mais velho e o responsável pela casa e Marguerite Vernier, a mãe dos dois, uma mulher sofrida mas admirável pela sua beleza, que lhe valia algumas regalias, uma família do século XIX envolta em mistérios, que passarão a ser vividos em Domaine de la Cade, uma propriedade de família e que será palco de toda a história.
Ao mesmo tempo e vivido quase um século, encontramos Meredith Martin, uma académica de 28 anos que vê numa pesquisa para completar a biografia de Claude Debussy uma forma de também ela descobrir as suas próprias raízes, partindo assim para França numa busca muito mais pessoal que profissional.

A história divide-se em duas partes, como duas histórias paralelas que constantemente se entrelaçam e nos fazem querer passar rapidamente de uma para outra de forma a saber qual o desfecho de tudo.

“Coisas a deslizarem entre o passado e o presente.”

Tanto Léonie como Meredith são duas mulheres lutadoras e fortes que procuram o seu objectivo, sendo que a primeira quer desbravar segredos e percebe que existem muitas outras coisas que simplesmente não se explicam, como um baralho de cartas de tarot capaz de mudar o rumo da vida daqueles que se vêem envolvidos nele e um sepulcro habitado por medos e sons, enquanto Meredith, céptica, precisa de um fundamento em tudo, e quando por um acaso lhe é dado a conhecer a sua vida através de um baralho de cartas semelhante, ela vê-se obrigada a mudar o rumo da sua própria história. São elas que se cruzam entre o passado e o presente, mostrando que a vida tem estranhas coincidências e que, aparentemente, existe uma máquina que simplesmente faz acontecer.
Outras personagens surgem tanto numa altura como noutra, como um novelo que faz o enredo e nos fazem perder de ansiedade e urgência pelas 656 páginas deste livro, que para mim tem muito mais do que aquilo que posso deixar aqui escrito.

Resumidamente, é uma história cheia de suspense e sofrimento vivido em duas alturas diferentes, mas todo o mistério em volta de uma partitura de piano, uma fotografia antiga, um baralho de cartas de tarot e um sepulcro levam-nos a querer um pouco mais, e quando terminei a leitura deste livro fiquei com essa mesma sensação.
É um livro muito bem construído, consistente, que me fez relembrar o meu enferrujado francês e que se tornou, para mim, numa leitura quase compulsiva, acho que para quem aprecia os temas tem aqui uma história que irá ocupar umas horas bem passadas na busca de certezas, tal como todas as personagens envolvidas.

Em estrelas: 4{

Uma última noite – Nora Roberts


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Uma Última Noite (E-book)
de Nora Roberts

Edição/reimpressão: 2008
Páginas: 147
Editor: Chá das Cinco

Para ler este e-book basta clicar na imagem.




Ponto de Vista: Esta foi mais uma leitura para as horas mortas, e porque Nora Roberts parece ter-se tornado uma constante nos meus dias.

Nesta história não há crimes, nem roubos, nem perseguições, esta é uma verdadeira história de e sobre Amor, desde o mais puro e ingénuo como o de uma criança, ao mais difícil e doloroso como o de um adulto.
Para além de outras personagens, tudo gira à volta de três nomes Kasey Wyatt, antropóloga, Jordan Taylor, escritor de renome e Alison Taylor, a criança que cruza a relação dos dois primeiros.
Kasey chega à mansão de Jordan de forma exuberante e descontraída, para o ajudar no seu último livro, de forma a dar uma versão mais verídica dos factos, e ao mesmo tempo, ela consegue quebrar com a monotonia vivida naquela casa e na vida de todos os que lá vivem. Cheia de atitude e muita emotividade aproxima-se de Alison, uma criança de onze anos órfã, que se vê a viver a vida de um adulto pela forma rígida que a avó, Beatrice, lhe impõe. É nesta empatia gerada entre as duas, já que Kasey também passou pelo mesmo trauma, que Alison se entrega a ela e a toda a alegria que Kasey representa a partir daí na sua vida.

“Não há nada como o amor de uma criança. As crianças não impõem condições às suas emoções. Dão simplesmente. Têm uma pureza que perdemos quando crescemos.”

E no meio desta cumplicidade entre as duas, surge também uma grande atracção entre Kasey e Jordan, ele no topo da sua classe e elegância, e ela na sua forma descontraída de encarar todas as situações. Mas o amor é mais forte que tudo o resto, e apesar de Kasey saber que a passagem por aquela casa era temporária, foi atingida por ele como nunca tinha sido antes. Só que para além de Jordan se mostrar com reservas em relação a ela, Beatrice não aceita mais nenhum tipo de relacionamento entre os dois, e a partir daqui a vida de Kasey vai sofrer muitas reviravoltas…

“Ser‑se amado é fácil. Amar é que é difícil.”

Uma história pura de sentimentos, em que felizmente e apesar de algum sofrimento infligido pelo meio termina com uma agradável surpresa!... Aconselhado a quem é fã de Nora Roberts e a quem valoriza o sentimento acima de tudo!


Em estrelas: 4¸.•☆

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