Passatempos:

Sepulcro – Kate Mosse [Opinião]


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Sepulcro
As cartas podem mudar o seu destino.
de Kate Mosse

Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 656
Editor: Livros D´Hoje
ISBN: 9789722040648

SinopseMeredith Martin chega a Domaine de la Cade para fazer uma pesquisa para a biografia de Claude Debussy. Mas tem o desejo de descobrir as origens da sua família, que remontam à região. As únicas chaves que tem são a velha partitura de piano, as fotos antigas que a sua mãe lhe deixou e as cartas em que nunca acreditou. De imediato é cativada pela trágica história da casa, que se diz ser assombrada, e pelo destino de Léonie Vernier - uma jovem que em 1981 rumou a Domaine de la Cade com o seu irmão e que em 1987, no dia de Todos-os-Santos, desaparece sem deixar vestígios. Nessa mesma noite, numa pequena aldeia do vale, um sacerdote idoso e recluso é brutalmente assassinado. As únicas ligações entre os dois acontecimentos são a música fantasmagórica que paira no ar nos antigos bosques da montanha e a carta de tarot colocada na mão do morto: a carta XV, O Diabo. Os assassinos nunca foram julgados e o corpo de Léonie nunca apareceu. Quando Meredith vê um antigo túmulo escondido dentro do recinto e ouve a música fantasmagórica que ecoa durante a noite, percebe que a história das cartas está longe de estar morta e enterrada. Contra a sua vontade, vê-se numa corrida contra o tempo, tanto para encontrar o tarot de Vernier como para solucionar o antigo mistério do desaparecimento de Léonie, sem se tornar ela própria a mais recente vítima.




Ponto de Vista: Não sei se já vos aconteceu alguma vez, mas a mim acontece-me com alguma frequência ser chamada por um livro, e Sepulcro foi um desses livros…

Apesar de ser uma história que começa de uma forma funesta, esta consegue automaticamente transportar-nos para Paris, numa época em que a sociedade se dividia entre ricos e pobres, entre o brilho e o glamour e a escuridão e o desencanto.
Envolvendo-nos completamente na vida de Léonie, uma jovem de dezassete anos cheia de energia e personalidade, Anatole, seu irmão mais velho e o responsável pela casa e Marguerite Vernier, a mãe dos dois, uma mulher sofrida mas admirável pela sua beleza, que lhe valia algumas regalias, uma família do século XIX envolta em mistérios, que passarão a ser vividos em Domaine de la Cade, uma propriedade de família e que será palco de toda a história.
Ao mesmo tempo e vivido quase um século, encontramos Meredith Martin, uma académica de 28 anos que vê numa pesquisa para completar a biografia de Claude Debussy uma forma de também ela descobrir as suas próprias raízes, partindo assim para França numa busca muito mais pessoal que profissional.

A história divide-se em duas partes, como duas histórias paralelas que constantemente se entrelaçam e nos fazem querer passar rapidamente de uma para outra de forma a saber qual o desfecho de tudo.

“Coisas a deslizarem entre o passado e o presente.”

Tanto Léonie como Meredith são duas mulheres lutadoras e fortes que procuram o seu objectivo, sendo que a primeira quer desbravar segredos e percebe que existem muitas outras coisas que simplesmente não se explicam, como um baralho de cartas de tarot capaz de mudar o rumo da vida daqueles que se vêem envolvidos nele e um sepulcro habitado por medos e sons, enquanto Meredith, céptica, precisa de um fundamento em tudo, e quando por um acaso lhe é dado a conhecer a sua vida através de um baralho de cartas semelhante, ela vê-se obrigada a mudar o rumo da sua própria história. São elas que se cruzam entre o passado e o presente, mostrando que a vida tem estranhas coincidências e que, aparentemente, existe uma máquina que simplesmente faz acontecer.
Outras personagens surgem tanto numa altura como noutra, como um novelo que faz o enredo e nos fazem perder de ansiedade e urgência pelas 656 páginas deste livro, que para mim tem muito mais do que aquilo que posso deixar aqui escrito.

Resumidamente, é uma história cheia de suspense e sofrimento vivido em duas alturas diferentes, mas todo o mistério em volta de uma partitura de piano, uma fotografia antiga, um baralho de cartas de tarot e um sepulcro levam-nos a querer um pouco mais, e quando terminei a leitura deste livro fiquei com essa mesma sensação.
É um livro muito bem construído, consistente, que me fez relembrar o meu enferrujado francês e que se tornou, para mim, numa leitura quase compulsiva, acho que para quem aprecia os temas tem aqui uma história que irá ocupar umas horas bem passadas na busca de certezas, tal como todas as personagens envolvidas.

Em estrelas: 4{

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