Passatempos:

Patagónia Express - Luis Sepúlveda [Opinião]


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Patagónia Express
de Luis Sepúlveda 

Edição/reimpressão: Janeiro de 2011
Editor: Porto Editora
Páginas: 160
ISBN: 978-972-0-04090-9

SinopseHomenagem a um comboio que já não existe, mas que continua a viajar na memória dos homens e mulheres da Patagónia, estes «apontamentos de viagem» - como lhes chamou Luis Sepúlveda - tornaram-se um dos livros de referência do grande autor chileno.
Desde os seus primeiros passos na militância política, que o levaram à prisão e depois ao exílio em diferentes países da América do Sul, até ao reencontro feliz, anos depois, com a Patagónia e a Terra do Fogo, é uma longa viagem (e uma longa memória) aquela que Luis Sepúlveda nos propõe neste seu livro.
Ao longo dele, confrontamo-nos com uma extensa galeria de personagens inesquecíveis e com um conjunto de histórias magníficas, daquelas que só um grande escritor é capaz de arrancar aos labirintos da vida.




Ponto de Vista:
“Quando mais tarde li a obra, por um lado aumentou o meu carinho e admiração pelo escritor asturiano, e por outro, aprendi que é impossível evitar a despedida de certos textos, por muito que uma pessoa goste deles e veja neles uma parte fundamental da sua intimidade.”

Luis Sepúlveda é autor de pequenas histórias que se tornam em grandes livros. Eu, pessoalmente, ainda só tinha tido oportunidade de ler História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, e apesar de já ter sido há uns bons anos, é um livro que guardo com carinho, não só por me ter sido oferecido em absoluta surpresa por uma pessoa muito especial, mas também porque encerra em si uma grande lição de vida e humanidade.

Em Patagónia Express isso acaba, de certa forma, por se repetir mais uma vez, mostrando que a essência das histórias deste autor passa pela simplicidade das palavras que tornam tudo tão verdadeiro e profundo.

“Intitulei-o «Patagónia Express», como uma homenagem a um caminho-de-ferro que, embora já não exista, pois a poesia declara-se pouco rentável nos nossos dias, continua a viajar na memória dos homens e mulheres da Patagónia.”

Toda a história começa com duas promessas do autor feitas ao seu Avô: ler o livro intitulado de Assim Foi Temperado o Aço de Nicolai Ostrovsky, que o levará a fazer uma viagem a lugar nenhum, e a fazer uma verdadeira viagem até Martos.
E, é entre estas duas viagens que percorremos parte da própria vida do autor e de todo o seu percurso académico, militar e político, que o levaram ao exílio durante nove anos por vários países da América do Sul, até descobrir as gentes da Patagónia – a Terra do Fogo, os seus costumes e vivências, uma terra onde se mente para se ser feliz, mas sem nunca confundir a mentira com o engano.
São muitas as vidas retratadas, de pessoas que se cruzam no caminho do autor e que o fazem crescer como ser humano.

“(…)como foram bons aqueles dias suspensos de um salário que não chegava, sob as pás de uma ventoinha que não produzia qualquer brisa, mas partilhados com mulheres e homens de grande nobreza que me ofereceram o melhor de si mesmos.”

Por fim, encontramos a última das quatro partes em que o livro está dividido e que está reservada aos Apontamentos de Chegada à sua última promessa – Martos, é aqui, num género de epílogo, que o autor encontrará o reconforto das suas raízes e a nostalgia da lembrança presente do seu Avô.

É certo que me perdi pela imensidão de personagens e idas e voltas que encontrei neste livro, mas o mais importante é que encontramos aqui apontamentos de uma vida vivida com objectivo, onde conhecemos parte do mundo, aquele mundo que podemos descobrir com os olhos e o que podemos sentir com o coração.

“A conversa com os amigos confirmou-me mais uma vez que uma pessoa é de onde melhor se sente.”


Em estrelas: +3{

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