Passatempos:

A Biblioteca das Sombras - Mikkel Birkegaard [Opinião]


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de Mikkel Birkegaard   

Edição/reimpressão: Abril de 2011
Editor: Porto Editora
Páginas: 424
ISBN: 978-972-0-04552-2

SinopseNo coração de Copenhaga, a livraria Libri di Luca é mais do que uma simples loja de livros velhos e usados. Quando o proprietário Luca Campelli morre de forma inesperada, o seu filho Jon, um proeminente advogado, ver-se-á envolvido num mistério inquietante.

Jon não planeia trocar a sua carreira pela livraria, mas, após uma tentativa de fogo posto à Libri di Luca, descobre que o pai era o líder de uma sociedade secreta de leitores e amantes de livros, os Lectores, criada para preservar uma tradição oculta que remontava à época do esplendor da Biblioteca de Alexandria. Os Lectores eram pessoas dotadas de um misterioso poder, tão fantástico quanto perigoso, que lhes permitia seduzir o leitor com histórias extraordinárias, evocar mundos imaginados, mas também manipulá-lo e levá-lo a pensar exatamente aquilo que queriam. Quanto mais Jon descobre, mais fica com a certeza de que a morte do pai nada teve de natural. Haverá uma conspiração no seio dos Lectores? Após inúmeras questões que escapam à sua compreensão, o jovem advogado ver-se-á obrigado a investigar as suas raízes para salvar a própria vida.

Uma leitura fascinante e perigosa, repleta de reviravoltas e suspense, que conduzirá o leitor a fronteiras inimagináveis.




Ponto de Vista: Há momentos em que não somos nós que escolhemos as leituras, são os próprios livros que nos chamam, e este foi um deles, logo que o tive em mãos não resisti a começar a folheá-lo, apesar de só agora escrever sobre ele…

Numa leitura sôfrega, foi assim que comecei a envolver-me nesta história envolta em mistério e poderes psíquicos revelados por leitores e leituras, e pelo o feitiço dos livros.


“Quando fechou os olhos, quase conseguiu sentir o odor a pó da loja de alfarrabista e ouvir o silêncio que ressoava pelas estantes como em nenhum outro lugar.”

Em A Biblioteca das Sombras, somos levados até à Libri di Luca e assistimos à morte perturbadora de Luca, e apesar de tudo apontar para uma paragem cardiorrespiratória, nesse mesmo instante desconfiamos de que as coisas não podem ser assim tão óbvias… E, esta morte é apenas o início de algo muito maior.
Jon Campelli é filho de Luca, mas tem uma vida completamente independente de tudo o que envolve o seu pai, é um excelente advogado, e quer manter a distância dos livros e da livraria, que para ele, lhe roubou a atenção de Luca. Mas, apesar da mágoa que guarda dentro de si, a pouco e pouco e na procura de respostas, começa-se a enredar cada vez mais no misterioso mundo dos livros que se mostram estar muito para além da simplicidade do objecto.


“Jon olhou para o livro. Era igual a qualquer outro livro, um monte de páginas com letras e palavras, sem a mais pequena sugestão da vida e da riqueza de cores que acabava de experimentar.”

Pois, o que ele vem a descobrir é que existe uma sociedade secreta milenar, os Lectores, onde um restrito número de pessoas se diferencia pelas suas capacidade psíquicas únicas, já que têm o dom da palavra ou simplesmente da mente, influenciando a leitura e tornando-a tão viva que o leitor passa a fazer parte integrante dela.

“Os textos sem um leitor não podem falar. É necessário que sejam lidos, e então não há dúvida de que falam. Cantam, murmuram, até gritam.”

E à medida que mais personagens se vão juntando à narrativa, e o número de mortes aumenta, tudo se torna cada vez mais inquietante.
Quem está por detrás destas mortes? E, afinal, qual o objectivo?
Numa angústia crescente somos enredados em leituras, intrigas e ambições, e algumas situações inesperadas, que nos levam a visitar Alexandria e muitas das histórias que fazem parte da nossa própria história.

Mikkel Birkegaard, de certa forma, acaba por encontrar a fórmula certa para captar a atenção do leitor, maravilhando-nos com a riqueza das descrições que faz da beleza e da magia dos livros, e a narrativa é feita de uma forma tão visual que praticamente passamos a ver tudo como num filme, mas senti que o enredo às páginas tantas começa a perder um pouco o magnetismo inicial, e o final acaba mesmo por nos deixar um certo vazio.
É certo que, pelo meu cepticismo natural e pelo meu gosto em particular pelo real, não sou por isso a maior adepta do paranormal, e isso poderá ter tido uma certa influência na forma como encarei a história. Mesmo assim, pelo facto de envolver livros e crime, por si só já mereceu as horas que lhe dediquei, e talvez seja uma história para se mostrar em mais capítulos…


“Estavam todos lá, a família Campelli, presentes no pó das prateleiras, na sombra entre as estantes e no ar que só circulava quando a porta da frente era aberta.”

Uma história que poderá ser interessante para quem gosta de um misto de suspense e paranormal, e ao mesmo tempo queira descobrir uma nova perspectiva de encarar o livro e a leitura.

“A literatura tem adquirido um brilho exageradamente romântico nos tempos que correm. Ler tornou-se uma espécie de passatempo para intelectuais. Mas na realidade não é mais do que um meio de distribuir informação, ou até uma forma de entretenimento, mas acima de tudo, é uma forma de transmissão de conhecimento, atitudes e opiniões.”



Em estrelas: -4¸.•☆


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