Passatempos:

Fernando Pessoa (1888-1935)


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Se depois de eu morrer

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimento nenhum.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.

Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.

Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; Escrito entre 1913-15; Publicado em Atena nº 5, Fevereiro de 1925.


Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1888, e faleceu na mesma cidade que o viu nascer, aos 47 anos (30 de Novembro de 1935), devido a uma cirrose hepática, foi poeta e escritor português.

É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. Também escreveu algumas obras em inglês pois desde de muito cedo aprendeu a língua.

Ao longo da vida trabalhou em várias firmas como correspondente comercial. Foi também empresário, editor, crítico literário, activista político, tradutor, jornalista, inventor, publicitário e publicista, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objecto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e a sua obra. Centro irradiador da heteronímia, auto-denominou-se um "drama em gente".

Sua última frase foi escrita em Inglês: "I don't know what tomorrow will bring…" ("Não sei o que o amanhã trará").


Para mim...

Fernando Pessoa faz parte do meu crescimento intelectual e enquanto pessoa, e por isso mesmo é difícil não sentir uma grande proximidade com as suas palavras. Aprecio os poemas que nos deixou, principalmente, os do seu heterónimo Alberto Caeiro, sempre ligado à natureza e à beleza que ela nos transmite, sendo por isso poemas positivos e simples.
Hoje, conta-se o 75º aniversário da sua morte prematura, mas apesar disso é sempre bom lembrar este grande poeta português - Fernando Pessoa.


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