Passatempos:

A Mulher do Capitão - Ludgero Nascimento dos Santos [Opinião]


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A Mulher do Capitão
de Ludgero Nascimento dos Santos    

Edição/reimpressão: Dezembro de 2010
Editor: Alfarroba
Páginas: 222
ISBN: 9789898455086

Sinopse O onde são as quentes noites de uma pequena vila no norte de Angola. O quando é a Guerra Colonial. O quem são homens e mulheres que se cruzam numa teia de amor, paixão, ódio e traição. O porquê ninguém o conhece.
Este é um romance intenso, apaixonante, que transporta o leitor a um tempo de amores proibidos e sentimentos fortes, mas também de relações de aparências, guerra e morte.
Porque há histórias de amor que têm de ser contadas.




Ponto de Vista: Este ano posso dizer que tem sido recheado de romance, até se for a pensar bem no assunto, já são poucos os livros que não se encaixam dentro deste género tão abrangente, mas A Mulher do Capitão leva-nos precisamente ao sentimento…

“Guarda na tua pequenina mente, no teu virgem coração, os momentos felizes de agora e, quando má ela chegar e te fizer chorar, viverás recordando horas felizes que o tempo levou.”

Diana, uma pequena criança sonhadora e feliz que se torna, por contrariedades da vida, numa mulher deslumbrante mas desamparada e consumida pela solidão.
Depois de perder a sua família, de abdicar da sua formação, une-se ao capitão Alfredo, num casamento que nada mais é que uma troca, mas é no coração de África que o seu voltará a bater com o mesmo vigor que fazia em criança. E, é junto do alferes Luís de Mendonça, um homem íntegro e justo, criado em Angola, que encontrará o amor e com quem acredita ser capaz de viver a vida que ambicionou para si.

“Tudo que lhe completava a existência se desmoronara aos caprichos de uma guerra estúpida e desumana.”

Mas a guerra justifica tudo o que de pior um homem pode ter, a ambição, a aparência, a mentira, a traição, e até a morte. Conseguirá o amor ser suficientemente forte para resistir a tudo isto?
Diana será a prova viva de que depois da dor e da perda, a vida ainda pode mostrar a sua generosidade…

Ludgero dos Santos possui uma escrita pouco usual, quase falada, que apela ao sentido, levando-nos a uma história de amor que não é incomum ou elaborada, o que a torna verdadeiramente genuína é a forma como é descrita e acaba por não se distanciar assim tanto de uma realidade não tão remota, como algumas das histórias presenciadas pelos nossos tios ou avós na Guerra do Ultramar.
E, é difícil colocar defeitos quando percebemos o que vai para além do que está escrito, mas como não gosto de fugir aos meus princípios, apenas acho que a narrativa se tornaria mais rica se houvesse um maior desenvolvimento histórico o que ajudaria a contextualizar melhor o enredo na época e no país.

A Mulher do Capitão é uma leitura que nos leva até ao passado, às terras quentes de África e a uma história de amor em que a entrega é de corpo e alma, e mesmo a achá-la sofrida, foi com ternura que fechei este livro.

“Angola agradou-lhe, Luanda seduziu-a.”

Resta-me apenas deixar uma palavra de agradecimento ao Ludgero por me proporcionar esta leitura, tanto pelo livro em si como pela sua capacidade criativa que espero se mantenha activa ainda por muitos mais anos, ao mesmo tempo que nós leitores apelamos à reedição de O Perfume da Safana.


Em estrelas: 3¸.•☆



Sobre o Autor:

- Fonte -
Ludgero Nascimento dos Santos nasceu em 1940 numa pequena aldeia lá no sopé da grande serra. Imerso entre mulheres - mãe, duas avós, quatro tias, duas irmãs.
Posteriormente teria outra -, a única figura masculina era o seu avô, austero com elas, terno com ele.
Aos quatro anos embarcou com a mãe e as irmãs no "Mouzinho de Albuquerque" a caminho de Angola, onde se juntaram a seu pai. Aí a infância foi feliz até perder duas irmãs, a mais nova e a mais velha; a primeira por doença, a segunda num acidente de viação.
O primeiro emprego dos catorze que teve na vida conseguiu-o numas bombas de gasolina. Foi ajudante de mecânico, pescador, descascador de batatas, ajudante de cozinheiro, condutor de camiões, tractorista, electricista, soldador, mecânico de máquinas, armazenista e, por vezes, desafiava o rio na pesquisa de diamantes. Foi chamado a combater na Guerra Colonial, jogou futebol, casou e teve duas filhas.


O primeiro romance que escreveu foi O Perfume da Savana (2008)  pela editora Pé de Página Editores, que entretanto saiu de mercado, e como consequência o livro deixou de estar disponível nos locais de venda. 
Agora com o apoio da editora Alfarroba, publicou o seu segundo romance A Mulher do Capitão.   

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