Vozes Silenciosas
Edição/reimpressão: Março de 2011
Editor: Editorial Presença
Páginas: 364
ISBN: 978-972-23-4515-6
Colecção: Grandes Narrativas, n.º 495
Páginas: 364
ISBN: 978-972-23-4515-6
Colecção: Grandes Narrativas, n.º 495
SinopseQuando Conor, de nove anos, chega ao consultório do pedopsiquiatra James Innes, traz já com ele o diagnóstico de autismo. A mãe de Conor, Laura, é uma romancista enigmática que não consegue lidar com o filho. O pai, Alan, quer impedi-lo de ser enviado para uma instituição. Quanto mais James Innes analisa a dinâmica desta família à beira da ruptura, não só se convence de que Conor não é autista, como se sente fascinado por Laura - uma mulher solitária cuja imaginação esconde um terrível segredo. Torey Hayden traz-nos um romance inesquecível que é também uma reflexão profunda sobre o que acontece quando a realidade e a imaginação se confundem.
Desta vez, Torey Hayden propôs-se a construir um romance, que acaba com toda a certeza por passar também pelas suas experiências pessoais, e por isso, o que vamos encontrar em Vozes Silenciosas é uma história dolorosa e triste, que conta o drama de uma família que está a passar por uma série de adversidades, sendo a mais perceptível, o facto de se ver a braços com um filho autista.
“Num mundo ideal, toda a terapia infantil era terapia familiar. Como os problemas de uma criança nunca surgiam isoladamente, James considerava tão vital ver a mãe, o pai e os irmãos como era ver a própria criança.”
James Innes é um pedopsiquiatra conceituado em Nova Iorque que, após o divórcio e um caso que o marcou profundamente enquanto profissional, decide afastar-se das memórias e instala-se numa pequena cidade do interior, e é no seu novo consultório que surge Conor, uma criança de nove anos com todos os sinais de autismo, isolada de tudo e todos num mundo que é só seu e impenetrável a quem se encontra de fora.
Mas, a pouco e pouco, e à medida que as consultas vão sucedendo, tanto com Conor como com os seus pais e a sua irmã, James começa por perceber que Conor não sofre de autismo e, que Laura com o seu magnetismo e a sua imaginação prodigiosa consegue construir um enredo tão fascinante da sua vida, que quase o faz perder o foco. Pois, o que esta família precisa urgentemente é de ajuda, e é nesse intento que James vai projectar todos os seus esforços.
“O real e o irreal misturam-se tão facilmente na sua mente que nunca sabemos qual é qual.”
Neste livro acabamos por encontrar duas histórias paralelas pois, se por um lado, vivemos o mundo de Torgon que acaba por se transformar num desejo de realidade para Laura, por outro, presenciamos o isolamento de Conor em relação a tudo o que o rodeia pela necessidade de protecção, e desta forma somos impulsionados a reflectir sobre a capacidade criativa de mentes que vivem a imaginação da mesma forma que a realidade, e também no facto de um trauma poder trazer danos quase irreparáveis a uma criança, caso esta não seja acompanhada devidamente e entendida através do seu próprio ponto de vista.
A autora sabe demonstrar com bastante fiabilidade todas estas questões, o que nos levará a encarar e a ponderar sobre o isolamento, a incompreensão, os erros assim como a própria criatividade, de uma forma diferente.
“Às vezes, quando queremos muito uma coisa, tornamo-la real, mesmo para nós mesmos. Mas isso não a torna verdadeira. Real e verdadeira são coisas diferentes.”
E apesar de não ter ficado, propriamente, fascinada com a história por a considerar um verdadeiro drama, admito que me sensibilizou para uma realidade que coexiste e que na maioria das vezes ignoramos, por isso, para quem procura um livro com um ponto de vista mais clínico sobre estes temas e, ao mesmo tempo, introspectivo este cumprirá, com toda a certeza, o seu papel.
Em estrelas: +3¸.•☆
Opinião da Vencedora*:
Desde já quero agradecer ao blog Clorofórmio do Espírito e á Editorial Presença, por esta oferta maravilhosa.
Ter ganho este livro no passatempo realizado no blog Clorofórmio do Espírito, possibilitou uma estreia com esta autora. De facto no meu percurso literário, nunca me cruzei com nenhum dos seus livros, mas depois desta leitura não ficarei certamente só por esta experiencia.
Durante uma semana fiquei completamente absorvida e envolvida nesta narrativa, repleta de muitos segredos e mistérios.
Inicialmente, pensava que a história se centrava somente em Conor, a criança aparentemente com autismo, a que a sinopse se refere. Contudo, por detrás desta criança, existe uma família que em muito contribuiu para que o seu destino assim fosse traçado. Principalmente a mãe, cuja imaginação ou não, me cativou por completo no decorrer desta narrativa. As suas histórias e testemunhos enriquecem este livro, são eles que sem dúvida contribuem para que se torne uma obra única e original. É uma personagem fundamental, mesmo no que refere ao final, que para mim foi surpreendente. Por mais que puxasse pela cabeça, não iria acertar num final assim tão intenso.
Em termos mais técnicos, acho que a obra está muito bem organizada, a escrita não poderia ser mais simples e fluida.
Recomendo sem dúvida.
*Bruna Cunha (Vencedora do Passatempo)
Li desta autora "A criança que não queria falar" e gostei bastante. Por as histórias serem reais dá mais vontade de as conhecer. É uma autora que quero voltar a ler em breve
silenciosquefalam.blogspot.com
Como eu costumo dizer 'nunca me fecho a um livro', por isso, se surgir a oportunidade de ler mais algum livro de Torey com certeza o farei.
E, acredito que o objectivo da autora é precisamente chamar-nos a atenção para realidades que nos rodeiam e que nosso 'egoismo' natural nem se quer damos conta, e se a pessoa está aberta para isso, acho que esta será uma autora a seguir bem de perto.
Obrigada Miguel pelo comentário, que só vem comprovar que Torey Hayden é uma boa escolha, o que só depende do estado de espírito e da vontade de cada um.
;)***